Otoplastia

CIRURGIA OTOPLASTIA

CIRURGIA PLÁSTICA DAS ORELHAS

Conceito

A otoplastia ou cirurgia plástica das orelhas atua na correção da orelha em abano. A orelha em abano consiste no afastamento das orelhas em relação a cabeça, deixando a orelha mais aparente e conferindo a impressão de que elas são maiores. Raramente as orelhas são grandes. O afastamento das orelhas em relação a cabeça leva a essa impressão inicial errônea.


Indicação

A otoplastia está indicada em todos pacientes que apresentam orelha em abano e se sentem desconfortáveis com a situação.


Preparo cirúrgico

Conforme a idade do paciente e a presença de condições associadas são solicitados exames pré-operatórios como exames de sangue (hemograma e coagulorama), radiografia de tórax e eletrocardiograma. Em algumas situações pode ser necessária a opinião de outros especialistas.

Na véspera da cirurgia o paciente deve fazer jejum de oito horas e se internar no hospital escolhido 2 horas antes do procedimento. Os detalhes são fornecidos por escrito para cada paciente conforme a cirurgia.

Na semana anterior à cirurgia, evita-se a utilização de qualquer medicação e mesmo alguns chás, que podem alterar a coagulação. A necessidade de utilização de medicamentos deve ser informada ao cirurgião.


Anestesia

A anestesia pode ser local pura, local associada à sedação ou geral, assistida por médico anestesista da equipe, habituado às particularidades de cada procedimento. Em pacientes muito jovens (5 a 8 anos) a anestesia deve ser geral, mas quando o paciente apresenta condições de colaborar (a partir de 8 a 10 anos) pode-se realizar anestesia local isolada ou associada à sedação.


Técnica cirúrgica (figuras 1 a 3)

A otoplastia é realizada através de incisão na região posterior da orelha (figura 2). Após realizam-se diversos procedimentos com pontos (na cartilagem da orelha e entre a orelha e o crânio) e, em alguns casos, a retirada de um pequeno segmento de cartilagem para colocar a orelha na posição correta. Dessa maneira, obtém-se um resultado natural e aproxima-se a orelha da cabeça.

Após o fechamento das incisões, coloca-se um curativo ao redor das orelhas em forma de capacete por um período de 24 a 48 horas para proteger a região operada. A otoplastia dura cerca de 1 hora.
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Figura 1 - Paciente com orelhas em abano – pré-operatório

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Figura 2 - Em verde a região da incisão e a retirada do excesso de pele; no centro pode-se observar os pontos a cartilagem a fim de aproximar a orelha da cabeça; à direita incisão resultante ao final da cirurgia.

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Figura 3 - Resultado pós-operatório com correção das orelhas em abano.

Pós-operatório

Não há necessidade do paciente passar a noite no hospital, recebendo alta algumas horas após a cirurgia.

O paciente retorna ao consultório no dia seguinte à cirurgia para retirada do curativo em capacete. Utiliza-se a partir de então uma faixa de compressão leve ao redor da orelha (faixa de tenista ou de bailarina) para auxiliar no posicionamento das orelhas por um período de 30 dias (uso contínuo) e, após, mais 30 dias (uso noturno).

Após a cirurgia ocorre equimose (marcas roxas) na região operada por 1 a 2 semanas e inchaço variável por 1 a 2 meses. Pode ser realizada drenagem linfática para auxiliar na recuperação.

O paciente deve permanecer em repouso relativo (sem esforços exagerados) durante 1 semana e evitar esportes com contato físico por 6 semanas, para não haver risco de bater a região operada e romper os pontos internos.

Perguntas frequentes

1. Sempre há necessidade de se operar a orelha em abano?

Não. Quando detectada pelo médico pediatra ou pelos pais ao nascimento da criança, deve-se contactar um cirurgião plástico para que se utilize um tratamento com moldes especiais já nos primeiros dias após o nascimento. Esse tratamento pode sanar ou diminuir a alteração das orelhas em abanos. Nessa fase há circulação de estrogênio materno na corrente sanguínea do bebê, deixando a cartilagem da orelha mais macia e suscetível ao tratamento não cirúrgico. Após 1 a 2 meses esse tratamento não é mais efetivo, restando apenas a opção cirúrgica.


2. A partir de que idade pode-se realizar a cirurgia?

A otoplastia pode ser realizada a partir de 5 a 6 anos, quando as orelhas já têm cerca de 85% do tamanho adulto. Deve ser levado em conta o aspecto psicológico do paciente com orelha em abano, pois podem ocorrer dificuldades por parte da criança em idade escolar. Dessa maneira, a criança pode se sentir inibida ao se expor em público ou usar bonés ou gorros e cabelos soltos para disfarçar as orelhas. Uma outra questão a ser mencionada é a ansiedade gerada nos pais e avós devido às orelhas em abano. Isso pode fazer com que se induza a realização da cirurgia sem o consentimento por parte da criança. Após essas considerações, deduz-se que todos os fatores devem ser levados em consideração para decidir a melhor idade a se realizar a cirurgia. Em média, isto ocorre entre 6-9 anos quando a criança sente necessidade de realizar a cirurgia.


3. Posso realizar a cirurgia plástica das orelhas na idade adulta?

Sim. Quando, por motivos diversos, não se realizou a otoplatia até a idade adulta não há nenhum problema em realizá-la. A vantagem seria uma anestesia mais simples (local pura ou associada à sedação). A desvantagem consiste no endurecimento da cartilagem da orelha (pela perda de líquido e calcificação gradual que ocorrem com o passar do tempo), podendo levar a um risco maior de recidiva (retorno) das orelhas em abano após a cirurgia, em comparação à cirurgia em idade mais jovial.


4. A cicatriz fica visível?

Toda cicatriz é permanente, mas com o tempo ela fica clara e pouco visível. No início a cicatriz é avermelhada e, após 1 a 2 anos, ela fica madura e mais clara. No caso da cirurgia plástica das orelhas, posiciona-se a cicatriz atrás da orelha, ficando escondida no sulco posterior entre a orelha e a cabeça.


5. Quando perceberei o resultado final da cirurgia?

A maior parte do resultado já está aparente após o primeiro curativo, mas ocorre inchaço importante na fase inicial. O resultado final da cirurgia ocorre ao redor de 6 meses após a cirurgia, quando não há mais inchaço e o contorno é definitivo. Tratamentos estéticos como drenagem linfática ajudam a apressar o resultado.


6. Existe risco nesta cirurgia?

Como o simples ato de atravessar uma rua acarreta riscos, uma cirurgia plástica também apresenta riscos. As complicações da otoplastia são pouco frequentes, mas não devem ser minimizadas. Dessa maneira, uma boa avaliação pré-operatória e a solicitação de exames conforme cada caso são essenciais. Os benefícios e os riscos da cirurgia devem ser mensurados e quando a relação pende para um grande benefício com um pequeno risco ela deve ser realizada.

A complicação mais frequente da otoplastia consiste na recidiva (volta) da orelha em abano devido ao rompimento dos pontos, secundária à tendência da cartilagem em retornar à posição prévia. Isso pode ocorrer em até 5% dos casos operados e há necessidade de revisão cirúrgica 6 meses após a cirurgia inicial.

Pode ocorrer hematoma (sangramento) no pós-operatório em cerca de 1 a 2% dos casos, podendo necessitar de drenagem. A infecção é uma complicação rara (1%) que, se ocorrer, deve ser abordada prontamente com as medicações adequadas e limpeza cirúrgica, se necessário.